Natural, orgânico e biodinâmico, tem diferença?

RBGVinhos

Por Ricardo Bohn Gonçalves

Muita gente pergunta o que são vinhos naturais, orgânicos e biodinâmicos. Percebemos um interesse crescente deste tema entre nossos clientes e vou tentar explicar de uma maneira bem simples esses conceitos, aproveitando que nessa semana este tema estará na pauta. Nos próximos sábado e domingo, acontece a  Naturebas, feira de vinhos que reúne mais de 170 produtores de brancos e tintos elaborados de acordo com essas três filosofias. Será no Pavilhão da Bienal, no Ibirapuera.

Começo com os vinhos naturais, que parecem estar na moda. Na verdade, não há uma legislação para esses vinhos. A França é um dos primeiros países a tentar ter regras para esse estilo de vinho, mas mesmo lá não existe uma definição totalmente aceita. Em geral, a ideia do vinho natural é que ele seja elaborado com uvas de cultivo orgânico oi biodinâmico (já explico esse conceito), sem agrotóxicos e sem o uso de produtos de síntese nos vinhedos e na vinícola. E ao chegar à vinícola, seja vinificado sem a adição de leveduras e sem intervenções do enólogo. É o vinho com menor intervenção humana possível.

O ponto crítico aqui é a adição do SO2, o anidrido sulfuroso, uma substância que ajuda a preservar o vinho. Há enólogos, como o italiano Josko Gravner, que é uma personalidade nesta área, que defende a sua adição, em doses mínimas. Mas há diversos outros enólogos contrários à utilização do sulfito, defendendo que o SO2 já é produzido naturalmente no processo de fermentação. Há uma sigla, a S.A.I.N.S, que indica esses brancos e tintos elaborados sem a adição de sulfitos.

O orgânico é o conceito mais geral. Pressupõe que as uvas são cultivadas de forma orgânica, sem o uso de agrotóxicos, como os fertilizantes químicos, pesticidas e fungicidas. Aqui entram os produtos naturais para manter o equilíbrio do vinhedo e combater os fungos e demais doenças nas vinhas. Exemplos são aqueles fertilizantes elaborados com compostos vegetais, as coberturas verdes e as leguminosas que ajudam a fixar o nitrogênio no solo. Na vinícola, a legislação permite o uso de insumos enológicos, inclusive as leveduras selecionadas.

E por uma particularidade do Brasil, muitos vinhos orgânicos chegam aqui sem a certificação, apesar de terem o selo de orgânico nos seus países de origem. É que as regras brasileiras para que esse selo possa ser utilizado são muito caras, o que desestimula o importador a investir nisso.

A terceira denominação é a biodinâmica, um conceito criado pelo austríaco Rudolf Steiner no início do século 20, e que vai muito além do orgânico. Claro que todo vinho biodinâmico é também orgânico, mas o contrário não é verdadeiro. Essa filosofia parte dos cuidados nos vinhedos sem o uso de qualquer produto de síntese, as leveduras para fermentar as uvas, por exemplo, têm de ser originárias do vinhedo. Mas que também utiliza muitos preparados agrícolas (o mais conhecido é o de enterrar cifres de vaca com esterco e depois aplicá-lo na plantação). Além disso, a filosofia se baseia na antroposofia e nas influências cósmicas. Conforme a posição da lua e dos planetas em relação à terra, são dias mais propícios para a poda ou a degustação dos vinhos, por exemplo.

São, assim, três maneiras diversas de elaborar o vinho, mas todas preocupadas em reduzir (ou zerar) a quantidade de produtos de síntese nos vinhos e a elaborarem vinhos com menor intervenção. Na RBG Vinhos, trabalhamos com vários vinhos que seguem esses preceitos, conheça nossos rótulos naturaisorgânicos e biodinâmicos.

Comentários

  1. Anônimo24/6/24

    Bem sintetizado. Eu apenas enfatizaria a questão do SO2, cuja grande crítica não é a do acréscimo no engarrafamento, mas também é principalmente na aplicação nas uvas, o que mata as leveduras indígenas…

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    1. Anônimo24/6/24

      Quem escreveu não é anônimo não. Fui eu Didú.

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