A Syrah faz aniversário

RBG Vinhos


Por Ricardo Bohn Gonçalves

 
Talvez você se assuste em saber que a cabernet sauvignon não é a minha uva preferida entre as tintas que dão origem a vinhos mais encorpados na França. Eu troco, feliz, um bom cabernet sauvignon por um syrah francês. Sim, a uva originária do Rhône, que faz aniversário nesta próxima segunda-feira, dia 22 de julho, é a minha preferida entre as francesas encorpadas. Note que falei encorpadas francesas, porque, claro, nenhuma uva substitui a minha preferência pela pinot noir, no caso das cepas francesas. E gosto também de outras variedades que dão origem a tintos encorpados, mas não franceses, como a nebbiolo, dos belíssimos barolos e barbarescos italianos.
 
Da aniversariante syrah, eu gosto dos seus vinhos muito estruturados, da sua gama aromática, que une frutas vermelhas escuras e especiarias, pimenta preta e, não raro, notas de couro, e gosto mais ainda quando ela é cultivada no Rhône Norte. Para mim, os melhores syrahs estão por lá. O Hermitage é a expressão máxima da uva e, entre os produtores, um dos meus preferidos é o Jean Louis Chaves. Seus vinhos são elaborados desde 1481 – isso mesmo, há mais de seis séculos, em um conhecimento que passa de geração em geração.
 
A produção é pequeníssima e não é fácil achar seus vinhos até mesmo na França, o que torna o meu encontro com o próprio Jean Louis bastante especial. Alguns anos atrás, eu almoçava em um restaurante no Rhône e, como tinha o seu vinho na carta, pedi uma garrafa. Numa dessas boas coincidências, o garçom percebeu que eu apreciava o tinto e me perguntou se eu gostaria de conhecer seu produtor. Jean Louis estava na mesa ao lado e tivemos uma ótima conversa.
 
Hoje sabe-se que a syrah é mesmo originária da região do Rhône – no passado, pelo seu nome, acreditava-se que sua origem pudesse ser na Pérsia, que tem uma cidade com o seu nome. Aliás, anos atrás, em uma viagem para o Irã, eu fiz questão de beber um vinho elaborado com essa uva na cidade de Syrah, uma, digamos, harmonização geográfica.
 
Mas voltado ao Rhône: não é apenas em Hermitage que a syrah revela o seu potencial. Gosto muito do Croze-Herminage, que são vinhos menos encorpados do que os Hermitage, e têm perfil bem gastronômicos. No Rhône Sul, a syrah não tem tanto destaque como no Norte, mas ela é uma das muitas uvas do Châteauneuf du Pape e também dos Côtes du Rhône, que para mim é a referência dos vinhos de bistrô, daqueles para beber de maneira descompromissada.
 
O Rhône é o berço da syrah, mas não apenas a sua única morada. Ainda na França há bons exemplos da variedade no sul do país, com destaque na Provence e no Languedoc. A uva também correu o mundo. Ao voar para a Austrália, ganhou a grafia de Shiraz, mas manteve seu estilo potente. Atualmente, há bons exemplos de syrah na Itália, nos Estados Unidos e em Portugal – aqui tem a história perfeita do Incógnito, tinto premium da alentejana Cortes de Cima. O vinho ganhou esse nome porque na época de seu lançamento o plantio da uva não era autorizado no Alentejo e seu produtor, então o dinamarquês Hans Jorgensen, decidiu elaborar o vinho, sem revelar a sua variedade. A sua filha assumiu recentemente a vinícola, fez uma revolução nos vinhos, mas manteve o Incognito exatamente como seu pai elaborava.
 
Nos chamados países do Novo Mundo, além dos potentes vinhos australianos, com algumas sutilezas conforme o produtor escolhido, há boas opções também na Argentina, no Chile e há no Brasil. Aqui a syrah é a variedade que tem dado os melhores resultados com o sistema de dupla poda, quando o vinhedo tem uma poda a mais, o que lhe possibilita dar frutos no inverno, nas regiões Sudeste e Centro Oeste. E se você, assim como eu, gosta da syrah, o catálogo da RBG Vinhos tem várias opções de tintos elaborados com a variedade. Consulte o nosso site ou entre em contato com a gente, que temos grande prazer em te contar mais sobre a uva e seus vinhos.

Comentários

  1. Anônimo21/7/24

    Excelente texto. 👏👏👏

    ResponderExcluir
  2. Anônimo21/7/24

    E parabéns para a uva Syrah. O presente é todo nosso

    ResponderExcluir
  3. Anônimo21/7/24

    👏👏👏👏👏

    ResponderExcluir
  4. Anônimo21/7/24

    👏👏👏👏👏

    ResponderExcluir
  5. Anônimo21/7/24

    Meraviglia 🍇🍇🍇

    ResponderExcluir
  6. Rica, belissimo Blog. Boa lembrança de nosso encontro com o JL Chave!!

    ResponderExcluir
  7. Anônimo21/7/24

    Parabéns uma vez mais pela clareza e didatismo dos seus comentários !!!
    Forte abraço
    Prado Neto

    ResponderExcluir
  8. Muito interessante! Parabéns pelo artigo.

    ResponderExcluir
  9. Anônimo21/7/24

    Apendi mais um pouquinho sobre vinho, hoje sobre o Syrah. Nunca tomei um que tenha me surpreendido, vou procurar mais.

    ResponderExcluir
  10. Anônimo21/7/24

    Ótimo texto . Q surpresa !

    ResponderExcluir
  11. Jaime22/7/24

    Adorei ! o Texto e o contexto... abs

    ResponderExcluir
  12. Arsenio22/7/24

    Cada vez melhor, como bons vinhos, parabéns!

    ResponderExcluir

Postar um comentário