Por Ricardo Bohn Gonçalves
Se um dia voltarmos à normalidade climática, podemos comemorar que a primavera começa oficialmente em 22 de setembro e nos convida a apreciar vinhos mais leves. Como se os dias frios do inverno tivessem ficado para o próximo ano e, com eles, aqueles tintos mais encorpados.
Começo este texto com certa ironia ao checar a previsão do tempo para os primeiros dias da primavera – no dia 22, os moradores de São Paulo vão enfrentar temperatura de até 31 graus. O inverno terminou até com dias chuvosos, mas acredito que, nos três meses da estação do frio, não tivemos mais do que 15 dias de temperaturas baixas, daquelas que nos convida a um vinho em frente à lareira.
Mas a primavera chegou e, com ela, a previsão de dias quentes (espero que não tão quentes e secos como o do inverno). E é a estação que mais combina com os vinhos rosés. Mas que isso, nos convida a perceber, na taça, como vinhos rosados vêm ganhando qualidade nos últimos anos. E este é o meu convite para vocês: descubram os rosés.
Quando eu cheguei no mundo do vinho, confesso que eram muitos poucos os rosados que me interessavam. Mas ao longo destas décadas presenciei na taça a melhora de qualidade destes vinhos. A mudança começou com os espumantes, que investiram em atingir a qualidade dos champanhes. E há grandes champanhes elaborados neste estilo, ideal para quem quer harmonizar a bebida com borbulhas em toda a refeição.
Aqui vale uma explicação: os champanhes rosés são um dos únicos casos em que é permitido misturar uvas brancas com tintas. Seu blend nasce da mistura entre um vinho tinto, elaborado com a pinot noir, e dos vinhos-base, de coloração quase transparente. Nos champanhes, mesmo as uvas tintas, como a pinot noir e a pinot meunier, são elaboradas sem as cascas e, assim, tem a coloração clara.
No passado, os vinhos rosados eram elaborados de duas maneiras: em uma delas, nascia da mistura de mostos de uvas brancas com as de tintas. Ou nasciam da necessidade de fazer uma sangria com o mosto de uvas tintas, pela necessidade de concentrar o vinho. Mas isso mudou: atualmente, quando as uvas chegam na vinícola, o produtor já definiu quais darão origem aos rosados. É uma decisão que nasce nos vinhedos. Uma uva que dará origem a um tinto rosado será colhida mais cedo, para preservar a sua acidez, principalmente, e até para não ser tão aromática.
Na vinícola, há cuidados específicos. Um exemplo é que o produtor agora se preocupa com a cor do vinho e, também, com a quantidade de taninos que ele deve ter. Assim, o tempo de contato do líquido com as cascas (que vão passar os taninos e a cor para o vinho) é definido previamente.
Estes cuidados no vinhedo e na elaboração explicam este ganho de qualidade. E foram os grandes responsáveis pelo aumento do consumo deste estilo de vinho. Agora, com a primavera no calendário, o meu convite é para você descobrir os nossos rosados. Aqui na RBG Vinhos trabalhamos com rótulos exclusivos, com o J de Jau Rosé, e também com o Valdivieso Rosé 2022, do Chile, e o Château Saint Hilaire Rosé Tradition Coteaux D´Aix-En-Provence. Garanto que você vai gostar.
Ricardo, confesso que sempre fui avesso aos vinhos roses, exceção feita aos espumantes rosados, dos quais sempre gostei bastante. Eu sei que é um pré-conceito que eu tenho, sempre achei que os vinhos roses nunca chegariam aos pés de um bom tinto e sempre perderiam para os bons brancos, mas entendo que isso tem mudado e acho que seria bem interessante tentarmos investir um pouco mais nos vinhos rosés, que normalmente são muito indicados para se tomar à beira da piscina numa tarde modorrenta e quente!
ResponderExcluirOi Vinicius, eles são uma ótima opção mesmo e muita gente pensa como vc, obrigada
ExcluirRicardo tomei um dia um vinho laranja da Sicília Fresco com personalidade. Gostei muito. Vc pode me explicar a diferença : rosee x laranjado?
ResponderExcluirObrigada pela sua pergunta e desculpe a demora. O vinho rosé, como o texto conta, precisa ser elaborado com uvas tintas. A cor do vinho vai depender da variedade de cada uva e do tempo que a casca ficou em contato com o vinho, no início da fermentação. Atualmente, a grande maioria dos rosés é elaborado com uvas tintas, mas no passado era mais comum a mistura de uvas brancas com tintas.
ResponderExcluirO vinho laranja é elaborado com uvas brancas. Ele ganha a cor mais alaranjada pelo tempo que as cascas ficam em contato com o vinho, período que chamamos de maceração.
Resumindo: o rosé vem da maceração de uvas tintas. E o laranja, de uvas brancas.