Os chamados tempos modernos trouxeram um problema que eu jamais imaginaria no mundo do vinho: atualmente, a oferta de brancos e tintos é maior do que a procura. O melhor exemplo disso é que o governo francês anunciou recentemente um investimento de 120 milhões de euros para reduzir em até 4% os vinhedos do país e, com isso, tentar equilibrar a balança entre produção e consumo de vinho.
O plano do Ministério da Agricultura é pagar 4 mil euros, o equivalente a pouco mais de R$ 24 mil, para cada hectare de vinha arrancado pelos viticultores. E assim reduzir em cerca de 30 mil hectares a área total de vinhedos do país. Aqueles que aderirem ao programa ficam impedidos de plantar novos vinhedos até 2029, mas podem cultivar outras culturas.
Não é a primeira vez que o governo coloca a mão no bolso para ajudar os viticultores franceses. No ano passado, depois de diversas manifestações dos produtores de Bordeaux, o governo já havia anunciado um plano para reduzir os vinhedos desta que é a mais famosa (e também maior) região produtora de vinhos franceses.
Individualmente eu me defendo, afirmando que contribuo muito para aumentar a procura pelos vinhos, inclusive (ou até principalmente) dos rótulos franceses. Mas, brincadeiras à parte, este montante de dinheiro canalizado para um produto agrícola que é orgulho de seu país mostra a gravidade da questão. É uma crise que não atinge os grandes chateaux e domaines, que continuam com seus rótulos disputados. Mas que afeta os produtores em geral, em todas as regiões vinícolas francesas.
Só colocar dinheiro, no entanto, não vai resolver a questão. É preciso também pensarmos em maneiras de aumentar o consumo de vinho nos dias de hoje. Entre as causas da redução do consumo estão a preocupação com a saúde (o vinho é um produto alcoólico) e com a forma física (dizem que é calórico também). É também uma bebida alcoólica que parece ter mais dificuldades de atrair os jovens. A linguagem do vinho tem muitas regras que só prejudicam o aumento do seu consumo, como taças certas, aromas e sabores específicos e nem sempre percebidos pelos consumidores, entre outras. Para completar, a vida anda mais corrida, com menos tempo para os almoços e encontros em torno da mesa, o que, diretamente, reduz a oportunidade de abrir uma ou outra garrafa nas refeições.
Minha contribuição neste debate é que devemos mostrar que o vinho é uma bebida agregadora. Não conheço um só amigo que goste de abrir um bom vinho para beber sozinho, a ideia é sempre compartilhar sensações e histórias. Com bandeiras como esta, será que conseguimos convencer as pessoas a apostarem no vinho?
Viva! Fácil resolver isso! Alterei minha dieta de uma para duas taças de vinho por dia! Incremento de 100% no consumo! Conto com o amigo para dar conta desta demanda!
ResponderExcluirBoa idéia! Recado dado!
ExcluirRicardo, a redução é apenas sobre os vinhos franceses, correto?
ResponderExcluirMelhor perguntando: o excedente é apenas na França ou em todos os países?
ResponderExcluirEsse problema está ocorrendo na França sim e esse excedente é de vinhos mais simples, mais populares. Os grandes Chateaux e Domaines continuam, ainda, intactos
ExcluirMuito interessante
ResponderExcluirAcreditar que as pessoas estão consumindo menos vinho por se preocuparem com a saúde é absurda, há tantas pesquisas que comprovam os benefícios para a saúde do consumo moderado especialmente de vinhos tintos, que nem há espaço nos dias de hoje para qualquer discussão sobre isso. Penso que se há redução de consumo no Brasil é porque as pessoas estão se cansando de tomar vinhos de entrada, que infelizmente possuem qualidade moderada. Penso que os produtores de vinhos ditos mais baratos devem procurar fazer investimentos para aumentar a qualidade de seus vinhos, isso tem ocorrido no chamado Novo Mundo; quem sabe os produtores europeus não estejam um pouco acomodados, fica a reflexão!
ResponderExcluirBelo ponto!
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