Francis Ford Coppola
Por Ricardo Bohn Gonçalves
O diretor Francis Ford Coppola é um gênio, ao menos na minha opinião. Mas quando lançou o primeiro filme da trilogia “O Poderoso Chefão”, foi incompreendido em um primeiro momento. O mesmo com “Apocalipse Now”. Juntos, os dois filmes fizeram história, mas que não registraram sucesso de bilheteria em um primeiro momento. O mesmo está acontecendo agora com “Megalópolis” que, lançado recentemente por aqui (inclusive com a visita do diretor ao Brasil), não foi um blockbuster.
Mas há muita coisa em comum nos três filmes e uma delas, ao menos para tratar aqui, em um espaço dedicado ao vinho, está na importância das vinícolas para Coppola. O diretor é conhecido também pela sua atuação na elaboração de vinhos na Califórnia. Assim, ao mesmo tempo que foram os filmes (e suas bilheterias) que possibilitaram a Coppola entrar no mundo dos vinhos; agora foi a vez dos vinhos financiarem o desejo do diretor de elaborar este filme tão disruptivo e que, talvez, Hollywood não financiasse.
Explico melhor: Coppola chegou aos vinhos em meados da década de 1970, quando comprou parte da vinícola Inglenook, no Napa Valley. Investiu muito tempo e dinheiro para recuperar a propriedade histórica e também o seu nome. O diretor gostou da brincadeira e nas décadas seguintes, foi aumentando a sua participação no setor, tantos nos vinhos premiuns como em linhas de brancos e tintos de maior volume.
Em 2021, Coppola anunciou a venda de algumas marcas para a Delicato Family Wines. Na época, o comentário no mercado foi que o diretor estava se desfazendo de suas linhas de maior giro para se concentrar no segmento de vinhos de maior qualidade. No pacote de venda estavam marcas como Diamond Collection, Director's Cut e Sofia, e instalações das vinícolas Francis Ford Coppola e Virginia Dare, todos em Sonoma, nos Estados Unidos. O diretor manteve o controle da Inglenook, no Napa Valley, e da Domaine de Broglie, no Oregon.
Parte desta análise estava certa, mas esta não é toda a verdade. Coppola se desfez das vinícolas e das marcas para financiar o seu novo filme. A ideia de Megalópolis surgiu 40 anos atrás, mas só recentemente ele decidiu colocar o projeto em prática. Aos jornalistas, que indagavam o porque de investir tanto em um filme – a estimativa é que a película custou US$ 140 milhões – ele respondeu que seus filhos já estavam criados e não precisavam de tanta herança.
Ainda bem que Coppola age assim. “Megalópolis” é, talvez, um filme para apaixonados por cinema, como, confesso, é o meu caso. Mescla a história da queda do império romano com a previsão de queda do império americano. A história se passa em Nova York, mas em muitas cenas parece que é Roma. É uma história quase surreal, muito fantasiosa, em uma linguagem de cultura pop, e com um jogo muito interessante entre o claro e o escuro. Mostra até onde vai a ambição e um poder desenfreado de uma elite cercada de privilégios. E termina, também na minha interpretação com uma visão otimista, de uma cidade com pessoas unidas e pensando no bem comum.
Espero que vocês não se incomodem com o pequeno spoiler, até porque é um filme que possibilita várias interpretações. E que pede uma taça de vinho, seja nos cinemas que permitem isso, ou como desculpa para discutir o argumento de Coppola com os amigos.
Ricardo - gostei!! voce me fez querer ver o filme!!! Pena que nao conheci as vinicolas!
ResponderExcluirBacana saber do envolvimento do Coppola com os vinhos. Fiquei com vontade de ver o filme com
ResponderExcluiruma taça!
O spoiler me leva a querer ver o filme. Quanto aos vinhos dele, tive a oportunidade de provar alguns que deixaram o gostinho de "quero mais"
ResponderExcluir