É época de colheita

RBG Vinhos
Foto: Terceira Margem

Por Ricardo Bohn Gonçalves

O enoturismo explodiu no Brasil em anos recentes. O confinamento que vivemos pelo coronavírus teve o ganho indireto de nos fazer descobrir as vantagens e os atrativos dos passeios ao ar livre. E descobrimos também uma outra verdade do mundo do vinho: é preciso se esforçar muito para encontrar algum vinhedo feio. A paisagem é sempre muito bonita, algumas até de tirar o fôlego.

Escrevo sobre isso porque estamos em plena colheita no Rio Grande do Sul, a mais tradicional região vinícola brasileira. Os gaúchos são responsáveis por mais de 70% da produção dos nossos vinhos finos. E o Vale dos Vinhedos, hoje uma denominação de origem para brancos, tintos e também espumantes, tem uma vista linda, além de ser o terroir de alguns dos melhores vinhos nacionais. Sinto-me felizardo por já ter visto vários pôr do sol com uma taça de espumante brasileiro para brindar o cenário.

Início de ano é, também, época de colheita de uvas. É quando os vinhedos estão mais bonitos, coloridos e fotogênicos! E, confesso, é difícil andar pelas vinhas nesta época e resistir a provar uma ou outra uva no pé. Para quem não teve a chance de degustar uma uva vinífera (aquelas que dão origem ao chamado vinho fino), conto que elas são menores do que as tradicionais uvas de mesa que consumimos em natura. Elas têm a casca mais grossa e não são tão docinhas.

Por isso, o meu convite é para visitar a Serra Gaúcha nesta época de colheita. Primeiro para andar pelos vinhedos e conhecer as vinícolas, aproveitando que atualmente quase todas têm o seu enoturismo aberto ao público e com a simpatia e o acolhimento próprios dos gaúchos. Os programas são os mais diversos: da visita tradicional para provar três ou quatro rótulos e conhecer a produção local, até piqueniques e os passeios que permitem ao turista colher as uvas. São as experiências, para usar um termo da moda. Há também a chance de provar muitos rótulos que nem sempre chegam aos grandes centros (a distribuição é um dos calcanhares de Aquiles do vinho nacional).

E a gastronomia acompanha os vinhos, das cantinas mais simples aos restaurantes mais gastronômicos que vem surgindo nos últimos tempos. É muito rica a experiência de harmonizar as receitas locais com os vinhos que são elaborados nos vinhedos próximos. Visitar Bento Gonçalves ou Garibaldi, as duas principais cidades do vale, e não provar o cappelletti in brodo é quase uma heresia, assim como deixar de saborear o sagu de sobremesa. Eu confesso que acho um pouco doce, mas está na tradição.

E, se faltam argumentos para visitar a região, vale a solidariedade. Os gaúchos sofreram muito com as enchentes do ano passado. Conseguiram se recuperar e estão apostando muito nesta safra. As primeiras notícias dizem que 2025 será um ano de muita qualidade da produção nacional. Tomara.

Comentários

  1. Vinicius Toledo9/2/25

    Ótimo texto Ricardo! Seguindo o espírito do mesmo, gostaria de sugerir, para o futuro, três textos, o primeiro seria sobre os melhores espumantes brasileiros, o segundo sobre os vinhos brancos de melhor qualidade e, por fim, o terceiro seria sobre os grandes vinhos tintos produzidos não só no RS mas também em Minas Gerais (Sul de Minas), no estado de São Paulo (Serra da Mantiqueira) bem como, no Vale do São Francisco. Afinal de contas não é apenas no Vale dos Vinhedos e nas regiões de Flores da Cunha e Caxias do Sul que podemos encontrar grandes vinhos!

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