Em que feira eu vou?

RBG Vinhos

Por Ricardo Bohn Gonçalves

Degustar vinhos ao lado do produtor e com a chance de fazer perguntas a quem elaborou o vinho, trocar opiniões e até se surpreender com elas. Acho que estes são os grandes atrativos das grandes feiras de vinho, seja aquelas que acontecem na França, como a Wine Paris, que já foi a Vinexpo, quando realizada em Bordeaux, ou na Itália – a Vinitally é uma experiência única –, como nos eventos que acontecem no Brasil. E como nesta semana tem uma feira grande por aqui – o lançamento da nova edição do Guia Descorchados, no dia 1 de abril em São Paulo, acho que é uma oportunidade para falar dos grandes eventos de vinho.

O primeiro ponto que acho importante destacar nestes eventos é que ele não é um lugar para beber demais, perder o controle e ser inconveniente com os produtores. Se quiser beber acima do seu limite, faça isso em um ambiente privado, com pessoas que não vão se incomodar com isso. Nada mais chato para o produtor ou a pessoa ao lado de que alguém fora dos seus limites. As cuspideiras, aqueles baldes para você descartar o vinho depois de provar, estão aí para isso. Ou, nestes tempos modernos e higiênicos, leve a sua própria cuspideira, que pode ser um copinho de plástico. E use!

E o ponto mais importante é que feira exige organização. Como são muitos produtores – e se você for do setor, também terá muitos conhecidos – ,dificilmente você vai conseguir provar tudo. Assim, faça a lição de casa, planeje quais os vinhos que você realmente quer conhecer ou provar novamente e foque nestes. Veja quais são os produtores presentes que você gostaria de fazer um contato e aproveite a oportunidade de conversar com ele. Salvo exceções, são pessoas acessíveis, que querem falar dos seus vinhos e estão dispostos a saber a sua opinião. No caso das feiras profissionais, é necessário marcar horário com cada produtor, mas estou pensando aqui nos eventos abertos ao público, ou que dedicam algum horário para isso.

De todas as feiras que já participei, profissionais ou para o consumidor final, têm quatro que estão na minha lista de campeã.

A primeira é a Pinot Noir Fair, que acontece a cada dois anos na Nova Zelândia. Só participam os produtores deste pequeno país, o que não a torna gigantesca. O evento é muito bem organizado, somado à simpatia da população local. Mais: não foca apenas nos vinhos provados nos estandes: o seu programa tem excursões para as regiões produtoras e muitos almoços e jantares. Recomendo muito, para quem não tem problema de cruzar o mundo em um voo de mais de 24 horas para visitar uma feira de vinhos.

A Vinitaly, que acontece daqui a pouco, entre 6 e 9 de abril em Verona, na Itália, também é uma feira muito interessante. Brinco que já fui na feira como carregador de mala do Jorge Lucki, o colunista de vinhos do jornal Valor Econômico e uma pessoa especial no mundo do vinho. Como acompanhante, digo carregador de malas, consegui participar de degustações inesquecíveis com grandes brunellos e chiantis. E também consegui entender um pouco mais da maneira que os italianos fazem negócios também com os vinhos. Claro que adorei.

Não conheço a Wine Paris, que tem a sua próxima edição entre 9 e 11 de fevereiro de 2026, em Paris. Mas fui à Vinexpo, quando o evento acontecia em Bordeaux, e ainda não havia tido a fusão que criou a Wine Paris. Imagino o seu tamanho: quando era apenas em Bordeaux, já era um evento monstruoso em tamanho, com muitas degustações, visitas aos châteaux e a chance de conhecer melhor os grandes Bordeaux.

A Borgonha também tem a sua feira, a Grands Jour de Bourgogne, que nos permite conhecer melhor de cada uma das suas regiões e de como a pinot noir e a chardonnay se expressam. Mas no ano que fui para a região a feira foi cancelada. Explico melhor: cheguei em Beaune junto com o vírus do coronavírus. Mas, por sorte, muitos dos eventos paralelos foram mantidos e aproveitamos para degustar muitos pinot noir e chardonnay. A questão é que o meu grupo apostou que o vinho seria uma vacina natural ao vírus, o que não deu muito certo: todos os oito viajantes pegaram Covid, dois deles até sofreram bastante, mas se recuperaram. Resultado: preciso voltar para contar para vocês se vale a pena a feira... E a próxima edição é entre 9 e 13 de março de 2026.

Do Brasil, gostaria de citar a Naturebas como a feira que todos precisam conhecer. É um evento que cresceu muito, focado nos vinhos orgânicos, biodinâmicos e naturais. Pode-se dizer que é uma feira de nicho, que mostra muito bem uma tendência. Recomendo. A próxima edição acontece no final do primeiro semestre, entre os dias 21 e 22 de junho, no Pavilhão da Bienal do Ibirapuera, em São Paulo.

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