Aprendendo no Piemonte

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Por Ricardo Bohn Gonçalves

O Piemonte era uma lacuna na minha jornada no mundo dos vinhos. Apesar de apreciar os seus tintos, principalmente aqueles elaborados com a uva nebbiolo, eu não conhecia a região. E como acredito que a melhor maneira de entender um vinho é conhecer o seu local de origem, me sentia meio em falta com os barolos e barbarescos. Ao provar os vinhos locais todos os dias, vamos aprendendo, quase sem nem perceber, a sua tipicidade, as suas principais características. E, melhor, harmonizando com a comida local.

Acabei de resolver esta questão ao passar uma semana na pequena cidade de Castelnuovo, pertinho de Asti. É daquelas cidades que se você passar de bicicleta corre o risco de nem perceber que a cidade acabou de tão pequena que é. Brincadeiras à parte, fui conhecer a região com mais seis amigos da Confraria do Picadinho, um dos grupos com quem eu tomo vinho a mais de 30, talvez 40 anos. Foram os mesmos amigos com quem desbravamos a Borgonha no ano passado.

Luciano Almendary, os 2 Chefs e eu.

No nosso roteiro, alugamos uma casa na cidade e programamos visitas a restaurantes, passeios diversos e, principalmente, visita a produtores e seus vinhedos. E aqui deixo a minha primeira dica: se quer visitar produtores europeus, principalmente os pequenos, reserve esta visita ainda no Brasil. Fale com o seu lojista preferido, peça indicação para a importadora que faz o vinho, escreva diretamente para a vinícola. Nem sempre é fácil conseguir visitas ao bater na porta dos italianos e de muitos franceses.

Com as visitas já organizadas, o nosso roteiro previa a parada em três produtores, o Ceretto, o Brezza e o Aurelio Settimo. Acho que foi uma boa escolha para entender os diversos estilos. O Ceretto segue uma proposta mais moderna, optando por trabalhar com barricas menores, como as de Bordeaux, para amadurecer o seu vinho. O Brezza, por sua vez, é bem tradicional e não abre mão dos grandes botti, como são chamados os tanques maiores de carvalho, para amadurecer o seu vinho. E o Aurelio Settimo está no meio do caminho entre estes dois produtores.


Confesso, aqui, que prefiro os barolos e barbarescos mais tradicionais, no qual a madeira aparece menos no vinho. E que se me permitem comparar estes vinhos com a música do compositor russo Shostakovicth. São músicas que, acredito, não dá para ouvir de maneira distraída. É preciso prestar atenção nela. E os barolos, principalmente, não são vinhos para se apreciar em um bate papo. Ambos para serem apreciados precisam atenção plena. E prestar atenção in loco é uma experiência única.



Comentários

  1. Silvio1/6/25

    Genial a comparação destes vinhos com a música. Viva o Piemonte

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  2. Anônimo1/6/25

    Obrigada. Bom domingo

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  3. Vinicius Toledo1/6/25

    Bom dia Ricardo! Um texto enxuto, mas um bom guia para a região. O Piemonte é reconhecido por seus vinhos de alta qualidade, sendo um dos principais centros vinícolas da Itália. Alguns dos melhores vinhos do Piemonte incluem Barolo, Barbaresco, Barbera d'Asti e os vinhos brancos Gavi e Arneis. Gavi (Cortese di Gavi): um vinho branco seco e fresco, com alta acidez, ideal para acompanhar frutos do mar e pratos leves. Arneis (Roero Arneis): um vinho branco aromático e delicado, com notas florais e frutadas. Moscato d'Asti: um vinho espumante leve e doce, ideal para sobremesas e ocasiões especiais. Atualmente dentre os bons produtores de tintos da região, tenho preferido os vinhos de Bruno Rocca que, ainda, conseguimos encontrar no mercado brasileiro, mas não sei até quando!

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