Minha homenagem aos sommeliers

RBG Vinhos
Jonas Soares - Foto: Vinheria Percussi

Por Ricardo Bohn Gonçalves


Conheci o Jonas Soares na Vinheria Percursi, umas duas décadas atrás. Tímido como poucos, naquele início, só o seu olhar curioso dava pistas de que queria progredir no salão, aprender, conquistar novos desafios e novas funções. E assim foi: vi ele crescer no salão e se apropriar do mundo do vinho. E ainda desenvolver o seu próprio método de abrir garrafas, cortando a cápsula de uma maneira que a rolha fica presa ao lado do gargalo.

Coisas do Jonas, que atualmente brilha no salão da Mercearia do Conde. Jonas aprendeu a arte do serviço do vinho na prática, abrindo garrafas e mais garrafas no salão. Estudou as cartas de vinho da Vinheria, participou de muitas degustações. Enfim, se tornou um sommelier por mérito, numa profissão ainda relativamente recentemente no Brasil e no qual muitos acabam se formando na prática.

E é na figura do Jonas que presto minha homenagem a todos os profissionais do vinho, nesta semana em que se comemora o Dia Nacional do Sommelier. A data correta é 29 de agosto, o dia que entrou em vigor a regulamentação da profissão, em 2011.

O reconhecimento da profissão é um dos capítulos importantes da ainda curta história dos vinhos no Brasil. Quando comecei neste mundo, nos anos 1980, eram pouquíssimos os restaurantes que tinham um profissional dedicado ao vinho e nenhuma casa ousava a ter uma mulher no salão.

Hoje, o cenário é outro: não são apenas os restaurantes sofisticados que têm o seu próprio sommelier, e o campo de trabalho se abriu, para o trabalho em outros espaços, como lojas e importadoras, eventos, administrações de adegas etc. E também temos uma participação crescente de mulheres à frente de restaurantes e adegas. Aliás, as duas últimas premiações de melhores sommeliers premiaram mulheres. No prêmio Paladar, do jornal O Estado de S. Paulo, as vencedoras no prêmio Honra ao Mérito foram a Daniela Bravin e a Cássia Campos, do bar de vinhos Sede 261. E na premiação da Folha de S. Paulo, foi a Analu Torres, do Plou, bar de vinho na Vila Madalena.

Devemos muito desta conquista ao trabalho da Associação Brasileira de Sommelier, responsável pela formação de muitos destes profissionais ao longo das últimas três décadas. E, neste período, fomos aprendendo a fazer um serviço do vinho de primeira linha, que não deixa nada a dever aos profissionais dos demais países. É só comparar o serviço prestado no Brasil, com a preocupação com as taças e a temperatura do vinho, com países em que, não raro, o garçom coloca a garrafa no centro da mesa e deixa o serviço por conta do cliente.

E, nestas horas, a comparação é inevitável e nos faz erguer um brinde em homenagem – e com muito orgulho – aos nossos profissionais.



Comentários

  1. Ótimo post Rica. Realmente uma homenagem merecida. Falando em mulheres lembro aqui a Gabrielli Fleming do Cepa que fez uma curadoria incrível em vinhos naturais, orgânicos e de pequenos produtores. Uma carta de vinhos especial.

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  2. Anônimo1/9/25

    Bela escolha sua. O Jonas realmente merece ser citado como exemplo entre os sommeliers em atividade em São Paulo.

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  3. Anônimo1/9/25

    Mais do que merecida homenagem!

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  4. Anônimo1/9/25

    Grande professor Ricardo gratidão obrigado pelo carinho abração Deus abençoe

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  5. Breno Raigorodsky2/9/25

    Legal, Ricardo, conheço bem o Jonas e faço minha a sua homenagem. E, é verdade, tem cada vez mais gente séria nesta área, como a Daniela Bravin, que tive a oportunidade conhecer trabalhando no Tappo, quando este ficava na Consolação.

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