O melhor sommelier francês

RBG Vinhos

Por Ricardo Bohn Gonçalves


O francês Xavier Thuizat tem um currículo que impressiona qualquer apaixonado por vinhos. Primeiro, ele conquistou, no ano passado, o título de melhor sommelier da França. E também recebeu do guia Michelin o título de melhor sommelier de 2024. E segue, há nove anos, como o responsável pelos vinhos do hotel Crillon, um dos mais icônicos de Paris. É dele a seleção de 2,4 mil diferentes rótulos de vinho, o que significa cuidar de uma adega com mais de 35 mil garrafas.

Para quem acha pouco, Thuizat também entende de sakê. Recebeu do imperador japonês em 2021 o título de Sakê Samurai e, mais recentemente, se tornou o responsável pela carta de vinhos da companhia aérea Air France, escolhendo os vinhos de todos os voos. “Somos a única companhia aérea que serve champanhe em todas as classes”, afirma, com orgulho.

Com este currículo chama atenção a sua declaração de que não conhecia, até o início da última semana os vinhos brasileiros. A falha foi sanada com sua primeira visita ao nosso país para participar de uma série de eventos sobre a cultura francesa no hotel Rosewood São Paulo, que pertence ao mesmo grupo do Crillon.

Simpático como poucos – o que segue como conselho para todos os sommeliers, premiados ou não –, ele começou sua introdução aos vinhos brasileiros ao apresentar uma degustação com três espumantes gaúchos, da região de Pinto Bandeira, comparados com três champanhes. Gostou do que provou, com destaque para o La Grande Bellezza, elaborado no sul do Brasil apenas com a uva chardonnay.

O aprendizado seguiu com a degustação de alguns rótulos elaborados com a técnica de poda invertida, aquela que, com poda e irrigação, faz as videiras darem frutos no inverno, nas regiões Sudeste e Centro Oeste do nosso país. Ele se mostrou curioso com a técnica, mas também cético. “Com o tempo, a videira vai sentir o estresse da dupla poda”, conta ele.

Thuizat defendeu muito os rótulos franceses, se disse preocupado com a crise que atinge a produção de vinho pelo mundo e criticou os vinhos naturais. Para ele, não há vinho natural já que sua elaboração depende do trabalho humano.

Com tanto conhecimento, torço para que o seu trabalho influencie os nossos profissionais e sonho com o dia em que o sommelier brasileiro terá o mesmo reconhecimento que os franceses.

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