O convite de Antônio Carlos Bento de Souza soou como música aos meus ouvidos, mas também como um desafio. Ele me pediu para selecionar vinhos que surpreendessem a ele e a seus amigos em uma reunião da sua confraria realizada no Clube de Campo de São Paulo. No seu briefing, nada de vinhos que até podem surpreender, mas que são previsíveis, como um bom bordeaux de safras antigas, um barolo ou um borgonha.
Seu pedido era para que lhe trouxesse rótulos não necessariamente diferentes, mas que possibilitasse que seu grupo de amigos pudessem ter uma experiência diferente ao redor do tema, que aprendessem sobre este assunto que eu tanto gosto. Ele também me pedia que os vinhos harmonizassem com o menu criado pelo chef do clube de campo, especialmente para a ocasião. Lembro bem da sua fala: “quero fugir da escravidão da cabernet sauvignon ou da merlot.”
Confesso que gosto de desafios assim. Fugir do óbvio, ir para novos campos, lembrar de brancos e tintos que também me surpreenderam no meu trabalho diário de prospectar rótulos para os clientes e para o portfolio da RBG. Ou até pesquisar rótulos que podem se encaixar ao briefing dos clientes.
O pedido de Bento, que é, ele mesmo, um amantes de vinhos, era que eu selecionasse quatro rótulos: um branco, dois tintos e um para acompanhar a sobremesa. Logo lembrei no Falernia Pedro Ximenez para abrir o jantar. Elaborado com uvas de três vinhedos no vale de Elqui, no norte do Chile, é um branco que surpreende, a começar que são poucos os consumidores que conhecem esta uva. E seu terroir também é pouco falado: o vinho nasce na terra do pisco, com vinhedos plantados próximos cerca de 10 quilômetros do Oceano Pacífico, no norte do país.
Logo ao apresentar o Pedro Ximenez, pude perceber o contentamento do grupo. Éramos cerca de 40 pessoas, convidados de Bento, que trabalha para consolidar esta confraria em torno de amigos, gastronomia e vinhos. E os presentes curtiram encontrar um branco de muita qualidade e de notas aromáticas mais florais, diferentes das nuances dos conhecidos chardonnay ou sauvignon blanc.
O jantar continuou com a proposta de surpreender nas próximas etapas. Na sequência, escolhi um espanhol da Família Torres, o Grand Corona, e o Château Andriet Bordeaux Supérieur, que importamos diretamente para os nossos clientes e que considero um dos grandes custo-benefício do nosso portfolio. Para encerrar fomos para o Porto TawnyInfantado, um fortificado mais artesanal, elaborado na Quinta do Infantado, uma propriedade com mais de 200 anos de história na região do Porto.
No jantar, segui no modelo que gosto de conversar com todos os presentes, trocando informações sobre os vinhos na taça e também sobre outros rótulos. Fiz até sorteio para motivar a vida longa desta confraria. Porque acredito na informalidade como maneira de ter momentos prazerosos ao redor da mesa e, claro, se surpreender com os vinhos.
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