Um amigo que deixa saudades

RBG Vinhos

Por Ricardo Bohn Gonçalves


Não é fácil se despedir de amigos queridos. E quando o amigo é o Carlos Cabral, que faleceu na última segunda-feira, vítima de um infarto, é mais difícil ainda. Uma rápida olhada no instagram ou no facebook mostra o quanto o marido da Leda – sim, porque é impossível separá-lo de sua esposa – era querido. Todas as mensagens destacam o seu profundo conhecimento sobre os vinhos, a sua alegria, a sua simplicidade e o seu amor à sua família.

Cabral foi tudo isso e muito mais. Um amigo legal, doce e leve no relacionamento com todas as pessoas. Mas para o mundo do vinho, Cabral teve – e tem e terá – uma importância enorme. Primeiro por participar da fundação da SBAV, a sociedade dos amigos do vinho, que acredito que foi o primeiro grupo mais institucional em torno dos brancos e tintos no Brasil. E foi uma das degustações da SBAV, ainda na década de 1980, que o conheci. Depois, acompanhei a abertura da Casa Cabral, quando a importação de alimentos e bebidas começou a ser permitida no Brasil, no início dos anos 1990.

Mas Cabral foi além. No início dos anos 2000, ele se tornou consultor de vinhos do Grupo Pão de Açúcar e fez um trabalho importantíssimo para a divulgação e o aumento do consumo da bebida no Brasil. Ele treinou os atendentes, apelidados de Cabralzinhos, que faziam o serviço de vinhos nos supermercados. A presença destes profissionais aumentou, significativamente, a venda de vinhos para os consumidores. E fez aumentar a importância dos vinhos para os resultados econômicos da rede de supermercados. Depois dos atendentes, Cabral apostou nas marcas próprias e nas parcerias com vinícolas para aumentar a venda de vinhos. Fez isso com as vinícolas estrangeiras e também com as brasileiras.

Ao mesmo tempo, ele divulgava a sua paixão pelos vinhos do Porto. Profundo conhecedor dos rubys e tawnies, ele colecionava rótulos, degustava e divulgava estes vinhos como ninguém. E também era apaixonado pela história do vinho, fazendo um importante trabalho do vinho na diplomacia brasileira. Enfim, foi um polivalente no mundo de Baco, deixando a sua marca nas mais diversas áreas do vinho.

No último encontro foi na ProWIne, no início do mês. E ele estava ótimo e feliz, sem imaginar que um infarto o esperava. Deixo aqui os meus maiores sentimentos à querida Leda, sua sempre companheira, aos filhos e netos.



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