Seu vinho é sustentável?

RBG Vinhos

Por Ricardo Bohn Gonçalves

A discussão do clima é um tema importantíssimo para o nosso mundo. Na esfera macro, decisões como acelerar a transição energética, ampliar o financiamento climático e proteger as florestas tropicais são as diretrizes da COP 30, que acontece nestas duas semanas em Belém (PA). Mas enquanto os líderes das nações e os especialistas discutem caminhos para o nosso planeta na Amazonia, eu me pergunto sobre os reflexos disso no mundo do vinho e o que podemos fazer a respeito.

Penso nisso sempre que tenho em mãos uma destas garrafas pesadíssimas, algumas com mais de 1 quilo, embalando um bom vinho. Precisamos disso? No passado não muito distante, a crítica Jancis Robinson fez uma campanha enorme sobre o peso – desnecessário, vale destacar – das garrafas de vinho. Deu certo na Inglaterra, mas quantos de nós, do chamado Novo Mundo, não preferimos uma garrafa imponente, mesmo que isso aumente a nossa pegada de carbono?

O mesmo vale para as embalagens. Sempre me pergunto se precisamos de tantos plásticos e tantas caixas de papelão para proteger as nossas garrafas. Já fico feliz quando recebo vinhos em embalagens de papelão, evitando o isopor, ou quando vejo programas de reciclar as caixas do vinho, as garrafas e até a sua rolha.

Fico mais contente ainda quando produtores contam que trabalham em vinícolas sustentáveis. Acho que a sustentabilidade é o caminho possível no mundo de Baco. Nem todas as regiões produtoras conseguem elaborar vinhos orgânicos, até por questões climáticas – as chuvas, que agora teimam em cair também fora de época, levam fungos e doenças ao vinhedo e este é apenas um ponto que dificulta a produção orgânica. A filosofia biodinâmica também não é fácil de seguir e, não raro, é também mais cara e muito mais trabalhosa.

Simpatizo com os produtores que, mesmo seguindo o cultivo tradicional, são adeptos da menor intervenção nos vinhedos, aplicando produtos químicos apenas quando é necessário, e evitando o uso daqueles venenos que são proibidos no mercado europeu. Assim como valorizo as vinícolas que conseguem optar por trabalhar com painéis solares, garantindo uma energia mais limpa. Ou que reciclam a água – elaborar um vinho, não sei se vocês sabem, é uma atividade que mais consome água entre os cultivos agrícolas.

Há vários exemplos de sustentabilidade no vinhedo e nas vinícolas. As garrafas mais leves, que citei acima, é apenas um deles. Há histórias de vinícolas seguindo a agricultura regenerativa ou criando corredores ecológicos, daqueles que atraem a riqueza da fauna e da flora, ao vinhedo – e aqui, não podemos esquecer que as vinhas são uma monocultura.

Neste texto, meu convite é que você, querido seguidor, pense em como fazer a sua parte para que seu vinho seja mais sustentável. Poque se o mundo acabar, o planeta se recupera. Mas não sei como ficariam nossas gerações futuras.



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