Os críticos e as notas de vinho

RBG Vinhos


Por Ricardo Bohn Gonçalves

 
Robert Parker fez história com as notas de vinhos. Esse crítico norte-americano foi capaz de transformar em pontos a sua avaliação de um branco ou um tinto. Seu mérito foi tornar objetiva uma análise que tem muito de subjetividade. Lembrei do Parker que, mesmo depois de vender o seu Wine Advocate, segue como referência para os consumidores, porque me perguntaram recentemente que críticos de vinho eu recomendo.
 
No meu caso, eu gosto daquelas publicações que não se limitam às notas, mas trazem informações e tendências e, claro, que avalio como independentes. Acompanho o site da Jancis Robinson, que ainda mantém as notas com o parâmetro inglês, de pontuar em uma escala de até 20 pontos. Gosto também da revista inglesa Decanter e do seu concurso, o Decanter World Wine Awards. É uma competição que conta com jurados conceituados, muitos com os títulos de master of wine ou master sommelier, e que me ajuda a saber quais os vinhos estão se destacando no mundo. E sempre confiro o Wine-Searcher, que traz também com uma comparação de preços de vinhos.
 
Acredito que o melhor caminho é ter uma identificação entre o crítico e a pessoa que o segue. Dou aqui o exemplo do Luiz Carlos Merten, que é crítico de cinema do jornal O Estado de S.Paulo. Eu acompanho o seu trabalho há tempos e me identifico com as suas opiniões. Gosto dos filmes que ele gosta e tendo a não gostar daqueles que ele critica.
 
O mesmo deve acontecer com o crítico de vinhos. Por isso o meu conselho é você acompanhar o trabalho destes profissionais e ir descobrindo aqueles com quem você se identifica, nas opiniões e nas notas. Além dos críticos que citei acima, há outras opções para quem quer acompanhar as notas de vinho.
 
A saída de cena de Parker abriu espaço para o aparecimento de vários novos críticos. A própria Wine Advocate faz sucesso com as suas notas, que são publicadas com as letras RP, mesmo com o crítico já aposentado. Luís Gutiérrez é um dos seus degustadores e tem feito um bom trabalho nos vinhos espanhóis.
 
James Suckling é o melhor exemplo de um crítico que ganhou visibilidade nos últimos anos, mas acho ele muito generoso em suas notas. Antonio Galloni é outro que procura o seu espaço com o site Vinous, mas que tem pouca repercussão no Brasil. Ele acompanha principalmente os vinhos de Bordeaux, Champanhe, California e Itália.
 
A revista Wine Spectator faz bastante sucesso e rivalizava com Parker nos seus tempos áureos. O maior trunfo da revista é a sua lista do Top 100, que traz a relação dos, claro, 100 melhores vinhos de cada ano. Recentemente contei aqui do tinto Argiano, que ficou em primeiro lugar no último Top 100 e que conseguimos um lote exclusivo para os clientes da RBG Vinhos. Gosto dos parâmetros desta relação dos 100 vinhos: a revista escolhe os melhores vinhos degustados pela sua qualidade, mas também pela sua disponibilidade no mercado. Não adianta ser um ótimo vinho, de produção limitadíssima e que as pessoas não poderiam comprar. No caso, o premiado foi o Argiano, o principal Brunello di Montalcino da vinícola, e não o Vigna del Suolo, que vem de uma parcela especial do vinhedo e com pequena produção, por exemplo
 
Para quem procura publicações em português, recomendo o Guia dos Vinhos. O projeto nasceu no ano passado com a proposta de degustar apenas vinhos que estejam disponíveis no mercado brasileiro e por faixas de preço. São quatro amigos, a Suzana Barelli, o Beto Gerosa, o Marcel Miwa e o Ricardo Cesar, que têm muita experiência no mercado brasileiro, e que sabem que por aqui o preço é também um parâmetro importante para o consumidor. Os vinhos são degustados por faixa de preço, de até R$ 100; de R$ 101 a R$ 200; de R$ 201 a R$ 300, e a ideia é ser um guia anual.
 
Há ainda outras publicações no mercado, como o Guia Descorchados, que traz os vinhos da América do Sul, com foco, principalmente, no Chile e na Argentina, entre outras publicações.
 
E, voltando ao Parker, termino esse texto com uma dica de leitura. Quem quer conhecer a história do Parker, recomendo a leitura do livro “O Imperador do Vinho”, da Elin McCoy, que mostra como esse advogado de uma pequena cidade no interior dos Estados Unidos se transformou em uma das pessoas mais relevantes do mundo do vinho.

Comentários

  1. Anônimo31/3/24

    Não gosto de avalição de vinhos por notas, prefiro os comentários sobre a elaboração e as castas do vinho em questão.

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  2. Anônimo31/3/24

    Ricardinho. Muito bom o blog dessa semana. Boas colocações. Queria te dizer também q não consigo me identificar no seu blog. Nao entra pela conta Google e não tenho URL. Podem ver isso pf? Abs. Luciano

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    1. Tiooo Lu!!! Vou ver, mas pela conta google dá sim. Vou vers e dá outro jeito e falo. Bjs

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  3. Vinicius Toledo31/3/24

    Ricardo boa páscoa para voce e sua família! Primeiro quero dizer que é difícil seguir a atual equipe que atribui notas em nome de Robert Parker porque há denuncias de vinícolas que fazem "agrados" aos avaliadores para que aumentam as notas, isso porque, em especial no mercado norte americano, os vinhos não entram nesse mercado se não tiverem, pelo menos, 90 pontos RP, assim se um vinho for avaliado com 89 pontos será um grande problema. Em geral, os críticos em quem confio são Tim Atkins, Stephen Tanzer, James Halliday e John Platter e Jancis Robinson lógico.

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  4. Anônimo31/3/24

    Excelente blog, Ricardo. Uma ótima resenha sobre este mundo da avaliação. Bravo. Silvio

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  5. Anônimo31/3/24

    Voce não mencionou a VIVINO, que eu acho muito séria, e a nota é uma média do colegiado deles! Nunca tomei um vinho com recomendação deles, com mais de 95 pontos, que não fosse espetacular!

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    1. Tem a Vivino sim mas mencionamos mais os críticos :-)

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  6. Anônimo31/3/24

    Feliz Páscoa para todos da RBG Vinhos! Saúde! Marly Galvão

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  7. Anônimo1/4/24

    Acredito que você Ricardo poderia criar a sua própria coluna e classificação “RBG”! Eu certamente seguiria e recomendaria para todos os amigos.

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  8. Anônimo1/4/24

    Ricardo , suas considerações são sempre bem vindas , quanto aos referendados experts e seus critérios , cabe uma reflexão : lamentavelmente- é apenas minha opinião - há uma certa “ prostituicao “ quanto as análises que nem sempre refletem a qualidade ou falta de .

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  9. JOSE ROBERTO GUSMAO1/4/24

    Comentário impecável, Ricardo. Estou de pleno acordo. Acrescento que o vinho, bebida viva que é, pode melhorar ou piorar com o passar dos anos. Assim, uma nota obtida logo após o lançamento do vinho, pode se mostrar equivocada 5 ou 10 anos depois.

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